sexta-feira, 7 de maio de 2010

ESPETÁCULO O GRANDE CERIMONIAL ESTRÉIA NO TEATRO AUGUSTA

Texto inédito, do dramaturgo espanhol Fernando Arrabal, narra a história de Cavanosa e suas relações contraditórias com sua mãe, mulheres e bonecas. Montagem do Teatro Kaus, tem direção de Reginaldo Nascimento
FOTOS: BOB SOUSA
Texto inédito no Brasil, a peça O GRANDE CERIMONIAL, do dramaturgo espanhol Fernando Arrabal, estréia dia 12 de maio, quarta-feira, às 21h, no TEATRO AUGUSTA, Sala Experimental. Peça narra a história de Cavanosa e suas relações contraditórias com sua mãe, mulheres e bonecas. Montagem do Teatro Kaus, tem direção de Reginaldo Nascimento, que em agosto passado trouxe a São Paulo o dramaturgo Fernando Arrabal.
O GRANDE CERIMONIAL narra a história de Cavanosa, um Casanova as avessas que todas as noites seduz uma mulher e a leva a seu quarto onde estabelece o cerimonial: um rito tresloucado de amor, que não passa de um projeto, uma fantasia extraída de seus sonhos. O Cerimonial acontece quando Cavanosa encontra a Mulher-menina, a pureza profana que com ele irá desbravar o mundo. Uma história de amor às avessas, levada às últimas conseqüências.
A peça traz para cena o mundo claustrofóbico do autor e estabelece um jogo permanente entre o belo e o grotesco, a vida e a morte, o sonho e a realidade, a fantasia e os pesadelos, de cinco personagens: Cavanosa, A Mãe, Sil, O Amante e Lis. “Revelamos na montagem um pouco do universo de Arrabal, vestido com as cores da ciência, da filosofia, da rebelião, do humor, do sofrimento, do amor e da imaginação sem limites”, afirma o diretor Reginaldo Nascimento.
“Na concepção do espetáculo optamos por uma linguagem híbrida que transita com o teatro da absurdidade, o surrealismo e o expressionismo. Procurei despertar no trabalho com os atores um estado absurdo, busquei construir interpretações fortes, trabalhadas numa partitura física que apresenta uma gestualidade bem definida para ampliar as possibilidades de comunicação num espetáculo onde o não olhar amplia a capacidade de ver de fato quem somos e para onde vamos”, finaliza o diretor.
Reginaldo Nascimento assina o cenário, sonoplastia e figurino, este último em parceria com Anelise Drake. A cenografia delimita o espaço do sonho surrealista com signos como o carrinho de criança e outros objetos. As bonecas que compõem o cenário foram criadas pela artista plástica Suzy Gheler. A trilha sonora é composta de melodias desconexas que desenham as nuances da peça. Os figurinos transitam com a fantasia, com cores fortes, nos remetendo as histórias infantis. A iluminação, de Vanderlei Conte, aposta nas penumbras e sombras, criando uma atmosfera expressionista. A preparação corporal é de Mônica Granndo.

Fernando Arrabal: Escritor, dramaturgo e cineasta, nascido no Marrocos espanhol em 1932, atualmente mora em Paris. Controvertido, cultiva uma estética irreverente tanto na sua obra como nas suas aparições públicas. Recebeu o reconhecimento internacional pela sua obra narrativa (onze novelas), poética (numerosos livros ilustrados por Amat, Dalí, Magritte, Miotte, Saura, entre outros), dramática (numerosas obras de teatro publicadas em dezenove volumes) e cinematográfica (seis longas-metragens). Autor de mais de 70 peças teatrais, entre elas: Fando e Lis, Guernica, A Bicicleta do condenado, O triciclo, O cemitério de automóveis, O Arquiteto e o Imperador da Assíria, A Oração, Uma Tartaruga chamada Dostoiëwsky, O Jardim das Delícisa, O labirinto, entre outras. Arrabal não é só o autor espanhol mais encenado no mundo, quanto também um dos poucos autores do chamado Teatro do Absurdo que ainda vivem e produzem. Na década de Sessenta, depois de permanecer três anos no grupo surrealista, Arrabal, juntamente com Roland Topor e Jodorowsky, cria o Movimento Pânico, cujo manifesto expressava a intenção de conciliar o absurdo com o cruel, identificar a arte com o vivido e adotar a cerimônia como forma de expressão. Seu Teatro Pânico, que ele mesmo qualifica como presidido pela confusão, o humor, o terror, o azar e a euforia, está baseado na busca formal, tanto espacial como gestual, e na incorporação de elementos surrealistas na linguagem.

Reginaldo Nascimento: Ator e Diretor Teatral em constante atividade desde 1990. É fundador e diretor há 11 anos do TEATRO KAUS CIA EXPERIMENTAL. Participou de diversos cursos de formação e aprimoramento com diversos e importantes profissionais. Desde 1993 se dedica especificamente a Direção Teatral e a pesquisa do teatro de grupo, tendo assinado a direção de mais de 20 espetáculos entre eles: Infiéis, de Marco Antonio de la Parra, A Revolta, de Santiago Serrano, El Chingo, de Edílio Peña, Pigmaleoa, de Millôr Fernandes, Cala a Boca Já Morreu, de Luís Alberto de Abreu, A Boa, de Aimar Labaki, Vereda da Salvação, de Jorge Andrade, Homens de Papel e Oração para um pé de chinelo, ambas de Plínio Marcos, entre outros. Vêm realizando desde 1994, várias oficinas e cursos em prefeituras, secretarias de cultura e instituições privadas pelo interior do Estado, na capital e outros estados. Organizou e Editou o Livro CADERNOS DO KAUS “O Teatro na América Latina”. Em agosto de 2009 idealizou e executou juntamente com o Grupo Kaus e em parceria com o Instituto Cervantes a Mesa de Debates Um Certo Arrabal, evento que trouxe a São Paulo o Dramaturgo Fernando Arrabal, um dos mais importantes da cena Mundial.

Teatro Kaus Cia. Experimental: Radicado em São Paulo desde outubro de 2001, o Teatro Kaus Cia Experimental da Cooperativa Paulista de Teatro foi criado em dezembro de 1998, na cidade de São José dos Campos, pelo ator e diretor Reginaldo Nascimento e pela atriz e jornalista Amália Pereira. Na capital paulista, a Cia. encenou as peças A Revolta, do argentino Santiago Serrano (2007), El Chingo, do venezuelano Edilio Peña (2007), Infiéis, do chileno Marco Antonio de la Parra (2006/2009), Vereda da Salvação, de Jorge Andrade (2005/2004) e Oração para um pé de chinelo, de Plínio Marcos (2002). Em fevereiro de 2007, o Teatro Kaus estreou o Repertório do Kaus, no Centro Cultural São Paulo, onde ficou em cartaz com os espetáculos El Chingo, A Revolta e Infiéis. Participou em Julho de 2007 como convidado do XVIII Temporales Internacionales de Teatro, em Puerto Montt e da Lluvia de Teatro de Valdivia, ambas no Chile, apresentando o Espetáculo A Revolta, realizando três apresentações, com o texto original em espanhol. Em novembro de 2007, lançou o livro Cadernos do Kaus – O Teatro na América Latina, um registro documental sobre todas as ações do projeto Fronteiras – O Teatro na América Latina, realizado pelo grupo durante o ano de 2006 e 2007, em parceria com o Instituto Cervantes e beneficiado pela Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. Em 2008, fez temporadas no Centro Cultural da Juventude com as peças El Chingo e Infiéis. Em 2009, realizou temporada da peça Infiéis, no Teatro X, onde participou também do evento Festa do Teatro. Em novembro de 2009, participou no SESC SANTANA, do evento Experiência Cênica, que teve como foco a obra do dramaturgo e cineasta espanhol Fernando Arrabal. A Programação contou com leitura de textos, exibição de filme, palestras com Alexandre Mate e Jefferson Del Rios e oficina com Reginaldo Nascimento, idealizador do evento, além de ensaio Aberto da peça O Grande Cerimonial.
O GRANDE CERIMONIAL – Estréia dia 12 de maio de 2010, quarta-feira, às 21h. Texto: Fernando Arrabal. Direção: Reginaldo Nascimento. Com o Teatro Kaus Cia Experimental. Elenco: Alessandro Hernandez, Amália Pereira, Deborah Scavone e Alessandro Hanel. Duração: 100 minutos. Recomendação: 14 anos. Ingressos: R$30,00 (Estudantes, maiores de 60 anos e classe teatral têm 50% de desconto). Quartas e quintas, às 21h. Até 1 de julho.
TEATRO AUGUSTA - SALA EXPERIMENTAL – Rua Augusta, 943 – Cerqueira César, tel: 3151-4141. Capacidade 50 lugares. Bilheteria funciona de quarta a domingo, a partir das 15 horas. Acesso para deficientes. Ar condicionado. Estacionamento ao lado. Café.

Amália Pereira - MTB: 28545
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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

DRAMATURGO ESPANHOL FERNANDO ARRABAL
PARTICIPA DE DEBATE EM SÃO PAULO





Um dos dramaturgos mais encenados da história e em plena produtividade, o espanhol Fernando Arrabal, esteve em São Paulo, de 09 a 11 de agosto, para participar da mesa de debates Um Certo Arrabal e para conhecer o Trabalho do Teatro Kaus que prepara a Montagem de Sua Obra O Grande Cerimonial. O Autor veio a convite do diretor Reginaldo Nascimento, do Teatro Kaus Cia. Experimental,  A vinda de Arrabal foi viabilizada em parceria com o INSTITUTO CERVANTES de São Paulo.
Pois é enquanto algumas vivem da verborragia nas rodinhas de conchavos e acordos que garantem suas verbas, nos aqui seguimos trabalhando, bravamente, e olha tinha muita gente do bem neste encontro, pena que não deu para todos.quem sabe na proxima.

INCONTÁVEIS DIAS DE PENSAMENTOS

Podemos incontáveis horas do dia,observar o dia, Sim é possível respirar mais feliz para ter sentido um pouco desta bagunça que transita em nossa cabeça.Podemos mais uma noite, respirar o ar puro ou carregado de impurezas das coisas do tempo,que carregamos no vento sobre os ombros cansados de pensamentos.

Sim podemos.Transpirar coisas boas e viver na ignorância dos dias iguais,Podemos transitar  pela noite sem dia e seguir a curva tortuosa dos belos sonhos, Sim podemos ser deuses e não ser porra nenhuma, nestes dias sem cor, ou nestas cores sem dia.

Sim podemos, nos perder na noite enevoada de soluços abstratos, que ocupam meu pesadelo obscuro e meu cansaço momentâneo que transpira pensamentos sobre o nada que é tudo quando se esta vivo para ver e ouvir o assovio do vento na curva do tempo.

Sim podemos ter incontáveis pensamentos para conduzir nossa jornada na estrada do tempo,embrulhando o próprio tempo nesta cena de ilusões, para ter sentido os dias sem cores, e as cores da noite que embrutecem nossa memória

Sim é possível se jogar de novo no vazio para que a perna crie força, e os braços se alinhem para o alcance de uma nova jornada que se inicia todos os incontáveis segundos, das horas dos dias que começamos.sim por que é possível começar sempre os incontáveis dias de pensamentos.

Reginaldo Nascimento
02/06/2009.

O CAMINHANTE SOLITÁRIO

Há um rastro perdido na sombra noturna que ronda teu sono e teu sonho juvenil.

Memórias postas e propostas toscas de discursos brilhantes e pratica deficiente que fazem deste mundo um caldeirão de histórias indecentes que turbinam a nossa cabeça no mar das incertezas.

Há, quem me dera poder abrir os olhos destes homens maquinas que ainda acreditam que arte é feita de coisas , de fios e cabos e de gente sem função que engrossa o caldo nos corredores da história para dizer que fez alguma coisa não fazendo nada.

Não me façam crer que é necessário encher o copo desta bebida sem cor e sabor, desta forma vazia de pensar a arte, porque aqui é diferente dali, a arte da representação, quando existe, exige o ator e sobretudo ele, este homem solitário é que a peça principal ou pelo menos deveria ser,dentro deste emaranhado de gente, coisas, luzes roupas ,cores amores e desamores.

Porque sem ele, o Ator, sua história pode até ser bem contado de outras formas com outras mídias e edições mirabolantes, mas nunca terá diante de seus olhos aquele personagem do papel, um ser vivo de carne e osso, assumindo o corpo do ator e trocando com este o suor e a dor na caminhada da construção cênica daquilo que antes era roteiro, texto, papel.

São as idéias de alguém que ganham vida , personagens imaginados que ganham voz, na voz do ator,na sua entrega constante, no teatro, no cinema ou em qualquer lugar, deveria ser assim,É preciso dar um basta e provar que de outra forma teremos uma arte pasteurizada, e sem o homem da palavra não haverá representação, não existiram mais personagens.E os novos criadores que pisam na profissão cuspindo moscas e maribondos sobre a arte da representação, ainda não sabem nada da importância deste caminhante solitário que chamamos simplesmente de ator. .

É Preciso ser humano e acreditar na verdade das coisas,na sutilize dos diálogos, na beleza da palavra falada, para perceber que enquanto se acha o enquadramento perfeito, lá na frente esta de novo o ator sedento pela verdade , sofrendo solitário a as amarguras dos personagens , no calor do sol, sentado no chão sujo, no palco colorido ou no ar condicionado de um estúdio, no final chamaram por ele, é sempre ele, o caminhante solitário fazendo seu trabalho por porco ou por nada.

Mais um vez o Ator, é ele que Dara vida a esta história, para que um bando de parasitas que surgem na estrada, do meio do nada se façam presentes nos créditos finais, nos agradecimentos e coquetéis, nas capas de revistas ou nas mesas de bar onde gritando em alto e bom tom vão proferir suas verdades e crenças sobre a arte da representação, sobre ser, e saber ser alguém dentro desta coisa que chamamos arte.

E o caminhante solitário continua ganhando seu pão,dia após dia, tirando magia de onde não tem e ficando feliz com a possibilidade de trabalhar, porque o que move este homem não é a maquina é seu coração, e enquanto todos bebem e chafurdam suas caras na lama das inverdades, acreditando-se senhores supremos desta ou daquela teoria sobre ser ou não ser, o caminhando solitário segue belos becos escuros da cidade que amanhece.

E assim dia após dia segue sua jornada , hora aqui, outra ali, as vezes sendo muitos e as vezes sendo nada, aguardando o nascer do sol seguindo a poeira da estrada , buscando nas novas palavras alimento para sua alma , para no fim alimentar os sonhos de muitos que ainda não sabem sua real importância neste balaio de ilusões. E assim para compor sua trajetória no meio de tantas trajetórias vai seguindo neste caminho solitário vivendo e revivendo todo dia, misturando tristezas e fantasia neste cenário real onde o brilho e frustração segue lado a lado com fria e real vida deste caminhante solitário.

Reginaldo Nascimento-
26 de Maio de 2009

Para Acordar A Alma

Somente as pedras permanecem Imóveis porque não há alma que as movimente

Quando se abre o pano e no centro da cena percebe-se o verdadeiro, competente e promissor trabalho de um grupo, percebe-se antes de tudo o seu conjunto e aí, conseguimos compreender que ali existe uma linha, uma cara, um trabalho sério de doação compromisso e amor ao teatro, que caracteriza aquele determinado grupo de pessoas como um grupo de Teatro.

A palavra GRUPO, tão usada e tão pouco compreendida, tem vários significados mas, para nós do Teatro, ela representa a união de pessoas em torno de uma idéia comum. O trabalho de teatro exige dedicação sem competição, exige um elenco forte, vivo, que se entrega ao trabalho com seriedade, assumindo de fato seu papel, tendo uma postura de compromisso com o fazer teatral.

Fazer teatro exige de todos atitude profissional, deixando do lado de fora da sala de ensaios todos os problemas e angustias pessoais que de nada servem ao nosso processo. O Grupo deve trabalhar pelo espetáculo, buscar atingir sua excelência artística dentro desta atividade, que exige de todos um pouco mais de alma.

Não estamos aqui para fazer terapia e é preciso ficar claro que as neuroses e angústias pessoais não constituem um problema nosso e devem ficar fora dos ensaios, não podemos ver o teatro como consultório da alma. Nós aqui fazemos teatro e não terapia e isso têm que ficar muito claro.

O Ator que sabe sua real importância e participação em um processo de trabalho deve compreender e fazer parte das idéias que norteiam o trabalho, deve se dedicar de corpo e alma para que no fim possamos brindar o público com um grande e competente espetáculo.

Precisamos estar ligados na real função do ator, e não permitir que nosso ego seja maior que nossa competência artística, nenhuma roupa, maquiagem ou qualquer penduricalho irá fazer de você um artista. Somente sua dedicação ao trabalho, aos ensaios, enfim, sua luta constante para fazer cada dia melhor, e desempenhar bem o seu trabalho diário pode fazer de você um artista. Então, vamos acordar e olhar o que não estamos fazendo no teatro e pelo Teatro, vamos ser artistas de fato.

Um Espetáculo de teatro não é um desfile de moda, e não aceita esse pensamento mesquinho, se é assa sua idéia de teatro é hora de parar e buscar outros caminhos para sua vida. Porque isso não serve aos profissionais que de fato são de teatro.

O Teatro não quer saber se você estará mais feio ou mais bonito, ele exige que sua personagem esteja inteira e exista verdadeiramente, o importante é estar dentro da história e ter competência para cantá-la com a máxima verdade, com dedicação e trabalho, vivenciando cada minúsculo momento de emoção com prazer e alegria para transpirar um teatro de altíssima qualidade.

Cada ator deve viver sua personagem, construir cada momento de emoção, dar a cara, o corpo, a personalidade que ira definir quem é?, de onde vem? e para onde vá? este ser tão cheio de significado que é a personagem de teatro, vocês tem que viver a personagem. Como se faz isso? Com compromisso, seriedade, dedicação e muitos, mais muitos ensaios.

Em um trabalho de Teatro esta sempre presente à disputa pelo espaço dos egos, e a reafirmação, física e emocional, de cada ator, de sua real importância para o trabalho, para o grupo, etc.... Mas teatro não é concurso de beleza, estamos aqui para dizer alguma coisa, para mandar uma mensagem ao espectador, para denunciar, debater, criticar, mudar pensamentos e comportamentos, enfim, estamos aqui para dialogar com a própria vida.

Use o Ensaio para os trabalhos da peça, não traga suas angústias para estes encontros, porque isso contamina o jogo, atrasa o processo criativo e compromete nosso parco tempo de trabalho. É preciso ter a percepção que já estamos na reta final e que logo estaremos estreando, os ensaios que temos são insuficientes, então precisamos usar muito bem nosso tempo nestes ensaios para atingir com competência nossa meta, não vamos perder este precioso tempo com problemas individuais e mesquinharias, hora de trabalhar pelo todo e por todos.

Nunca se ensaia Tão pouco para uma montagem teatral,é preciso ter tempo e aproveitar cada segundo deste tempo no processo de concepção do espetáculo e se não houver dedicação e comprometimento verdadeiro e imediato com o trabalho, fico com a sensação de que estamos num barco à deriva e que da maneira que estamos trabalhando este espetáculo, o melhor seria não fazer nada, porque assim estamos negando a essência do teatro.

Talvez refletir sobre a importância deste Trabalho e sobre nossa real dedicação para que ele aconteça, possa colocar em evidencia se queremos ou não fazer teatro de verdade, se queremos ou não essa luta para nossas vidas, por que este é um caminho ardo, onde se travam batalhas diárias, onde o EU é necessário para o NÓS, mas o EU deve trabalhar para o sucesso do NÓS e talvez não seja essa a estrutura que EU esteja buscando.

Ser Ator não é ser o belo, o bonito, pode ser algo mais. Pode ser a busca por um trabalho sério, conciso e consciente. Fazemos teatro, a Arte da exibição? ou Arte da Reflexão, da criação, da representação da vida de forma artística, viva e consciente de sua função social e atemporal. Qual a sua opção? Refletir sobre o fazer teatral é refletir sobre nossa existência enquanto fazedores desta arte que de certa maneira deve estar ligada a compreensão da vida.
Reginaldo Nascimento
27 Setembro 2009

O ATOR E A CONSCIÊNCIA

Quando se esta só, andando pelos tortuosos caminhos da arte Teatral, lá no fundo no seu íntimo lhe é chamada à consciência do que é ser Ator. Neste momento, e não em outro, nos deparamos com o mais maravilhoso e visceral exercício de vida.

Acordar todos os dias sabendo que represento algo mais que minha pobre existência, talvez seja um primeiro dado da tomada de consciência, porque o Ator representa a existência do mundo, as dores e os desamores das lamuriosas vidas de personagens, encontrados em textos e exaustivamente construídos nos ensaios das salas e teatros por onde transita a inspiração, a dedicação, o amor e a dor do Ator.

Ser Ator não é assim uma coisa tão fácil, não nos basta à teoria das grandes e famosas escolas ou os espetáculos nos quais atuamos e onde a mão de Deus conduzia nossa aventura pela arte de interpretar.

Mas, o que é ser Ator, o que é fazer Teatro, quando se precisa comer? São perguntas a serem respondidas, porque, mesmo sem respostas, o teatro do ator continua a existir, e lá nos becos alternativos da megalópole despontam os fazedores de um teatro, onde paira a consciência, onde se percebe que a fome tem pressa, mas pode esperar.

E lá no fundo desta consciência podemos presenciar mais uma cena deste teatro onde o ator vai se enfrentado, se testando, expulsando e aceitando aquilo que lhe cabe deste latifúndio.
É pouco o que nos dão?, nos perguntamos, e neste momento levaremos nossa consciência a refletir se o que somos é o que valemos ou o que vale nosso trabalho é quanto fazemos por ele.
O Ator consciente de sua função sabe que sozinho é mais um a caminhar na escuridão, em grupo sofre na luta pela preservação do ego ferido, já que a sobrevivência não é fácil quando se pratica uma arte onde se pode dizer de boca cheia EU SOU ATOR. Porque dizer assim me sugere que é o momento de parar e refletir o que é ser Ator.

Mas, o Ator consciente sabe mais, ele sabe que sozinho ou em grupo sua dedicação não cessa, sua teoria não basta e sua prática é pouca. Este ator sim fará a diferença, este sim irá se ouvir e ouvir a respiração do público a cada pausa, porque sua consciência se delicia com o saboroso prazer de representar. E sua representação é viva e sua vida está ali no momento preciso durante o tempo que durar sua presença na obra representada.E então, só no fim nos perguntaremos se foi ele mesmo que ali esteve, por que veremos a verdade da personagem e não a do ator, e então sentiremos o quanto a consciência nos faz bem.

Assim estamos ali naquele teatro do Beco, respirando e transpirando boas idéias e nos fazendo ouvir por alguns poucos que ali se prestaram a ir. Chamaremos os deuses para nos iluminar e, assim, talvez possamos abrir as portas do paraíso, se ele existir.Sabemos e aceitamos que a sobrevivência nos bate a porta, mas, o teatro que escolhemos fazer nos invade a alma, transforma nossas vidas e amplifica nossa capacidade de resistência.

Seja este caminho escuro ou extremamente iluminado, é chegada a hora da tomada de consciência. Ser Ator é algo mais que precisamos entender. Talvez precisamos descobrir quantos estão ouvindo sua consciência e, talvez aí descobriremos que a maioria é outra e não a que esta aí.A Consciência nos faz acordar para percepção de que é preciso sair do Casulo por que ser Ator é ser mais do que eu mesmo, é ser para todos e para o todo.

E assim percebemos que é chegada a hora de se fazer ouvir, porque mesmo lá no Beco seu teatro tem importância, desde que sua consciência lhe de a certeza de que sua representação pode ser chamada de vida, e então sua luta pela sobrevivência será vista e entendida como a própria vida do Ator, uma peça que parece não ter fim, onde este Homem solitário precisa sobreviver para dar vida a suas histórias e com isso chamar a consciência daqueles que ainda dormem em berço esplendido.


REGINALDO NASCIMENTO
DIRETOR TEATRAL
TEATRO KAUS CIA EXPERIMENTAL


SETEMBRO DE 2004

Ouvindo Deuses Para dançar no Inferno das Idéias


Obs: Texto Escrito Após a estréia da Peça Infiéis em Janeiro de 2006


“O que seria do Homem, se não lhe fosse permitido Errar”,
somente o Erro nos permite compreender e sentir o prazer de Acertar ““.


Após três semanas em cartaz e embriagados das diversas emoções e, sugestões e criticas que invadiram nossos ouvidos nos últimos dias, me vejo olhando da janela milhares de pessoas se batendo como carrinhos de bate e bate que se atiram nas idéias com sede de dizer o que para cada um foi assistir INFIEIS.

Sei e compreendo perfeitamente que temos que melhorar, apurar, avançar no sentindo de compreender cada vez mais aquilo que fazemos, para fazermos melhor a cada dia, essa é a magia que nos prende ao teatro, esse jogo onde temos que assumir times, vestir a camisa e sem pestanejar, assumir as atitudes tomadas e os planos traçados, dando verdade à criação artística mesmo que não se agrade a todos, teatro é uma tribuna livre já dizia o saudoso Plínio Marcos.

Teatro  é uma tribuna onde idéias e ideais são colocados justapostos para a cada signo cênico que iluminam os caminhos que nossa mente alucinada não pergunta e não responde, apenas segue embecida de um néctar mágico, que transcende o pseudo entendimento dos deuses que nos observam lá de cima ou lá de baixo diferenciando aqui quem “é” ou “entende” de teatro, do Público que busca prazer e se reconhece em cena.

Explosões de dor são rápidas secas, é como um furacão, devasta tudo e todos, com certeza ainda não atingimos o ponto máximo ou ideal das emoções das personagens, ainda temos muito a apurar e por isso nos permitimos ouvir e buscar sempre justificativas e mais e melhores análises, culpas e culpados para aquilo que dizem de algo que, muitas vezes temos a certeza de que de fato existe, está vivo dentro de nós.

O Problema do teatro é o próprio Teatro, que busca sempre um jeito para não aceitar ou não se permitir aberto para o EXPERENCIAR, não teremos outro Oficina, nem outro Arena muito menos um Ziembinski ou outro Adolph Apia, mas poderemos ter idéias boas e discutíveis no sentindo de torna-las um caminho viável e até mesmo aceitável do ponto de vista estético de sua pesquisa. É obvio que não estamos fazendo o que fazemos no banheiro e disso eu tenho certeza, no alto de minha pouca experiência.

Acreditar no que se está fazendo, se questionando e não permitindo questionamentos vazios, se trabalhando e buscando o aprimoramento necessário é o nosso jogo, devemos ir mais dentro do que nos propomos a fazer, e cada vez colocar mais dentro de nosso pensamento e de nosso coração o desejo de executar bem, aquilo que está proposto, trazendo sim a Emoção, a coerência e a profunda compreensão da personagem, mas sem buscar desculpas, sem perder a linha, sem esquecer as palavras e Filtrando bem os Ouvidos, para que este sentimento de dúvida, de insegurança de questionamento e fraqueza não destrua um trabalho, que pode sim permanecer vivo, assumindo sua proposta cênica sendo bem feito, mesmo que não seja sessão predileta para os críticos de plantão.

Nos é permitido ser aquilo que quisermos ser, nos é dado o livre arbítrio e por isso podemos ter opiniões diversas de uma mesma coisa.Tivemos diversos comentários, sugestões e críticas, vindos de amigos ou publicados em tirinhas, de veneno de algum alguém . Gentilezas a parte, precisamos nós, nos criticarmos e investir sobre nossas criações como cães selvagens, para devorar o que ainda falta ser devorado da essência dos personagens.

Só se propõe um jogo cênico ao um determinado grupo de Atores quando se tem confiança e a certeza de que poderá contar com eles para assumir todas as dores e amores deste jogo a ser jogado.Ainda temos muito a melhorar e agora, mais do que nunca, sobre os olhos atentos dos deuses vamos nos consumindo e confundindo aquelas explicações que sempre levam ao óbvio das idéias quando se fala do ser Humano.

Cada Olhar Infiel ou Comentário do Público “Leigo” nos da a certeza que estamos chegando do Outro lado, que sim, estamos atingindo, é este publico que não busca a Técnica, que enxerga a Emoção, então ela está lá, se de Mais ou de Menos, cabe a cada espectador Leigo ou não tirar suas conclusões, o que sei é que se vamos em frente, vamos com certeza do que estamos fazendo, com o Prazer de Fazer. Vamos com muito trabalho para atingirmos o que ainda falta para o Espetáculo Infiéis,. Vamos, no sentindo de atingir a precisão e a dose certa de emoção contida nos quatro personagens da Peça, para assim transcendermos a cena.

Respondendo alguns questionamentos, a personagem tem Trajetória, Tem sentimentos Contínuos, lembrando que por mais quebrada que seja nossa vida, seguimos um rumo que nos mantem vivos e nos da o desejo e a força para lutar, para se vingar, amar e odiar e, esse jogo está na peça. Vamos aguçar os sentidos, resolver as dúvidas, estudar as Cenas, e assumir o Trabalho, não sendo Infiel a sua construção, que tem uma linha muito clara e eu diria mais, tem muito, mais muito Trabalho, principalmente aquele que se dá dentro da Cabeça e do Coração.
Reginaldo Nascimento
27 de Janeiro de 2006