quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O CAMINHANTE SOLITÁRIO

Há um rastro perdido na sombra noturna que ronda teu sono e teu sonho juvenil.

Memórias postas e propostas toscas de discursos brilhantes e pratica deficiente que fazem deste mundo um caldeirão de histórias indecentes que turbinam a nossa cabeça no mar das incertezas.

Há, quem me dera poder abrir os olhos destes homens maquinas que ainda acreditam que arte é feita de coisas , de fios e cabos e de gente sem função que engrossa o caldo nos corredores da história para dizer que fez alguma coisa não fazendo nada.

Não me façam crer que é necessário encher o copo desta bebida sem cor e sabor, desta forma vazia de pensar a arte, porque aqui é diferente dali, a arte da representação, quando existe, exige o ator e sobretudo ele, este homem solitário é que a peça principal ou pelo menos deveria ser,dentro deste emaranhado de gente, coisas, luzes roupas ,cores amores e desamores.

Porque sem ele, o Ator, sua história pode até ser bem contado de outras formas com outras mídias e edições mirabolantes, mas nunca terá diante de seus olhos aquele personagem do papel, um ser vivo de carne e osso, assumindo o corpo do ator e trocando com este o suor e a dor na caminhada da construção cênica daquilo que antes era roteiro, texto, papel.

São as idéias de alguém que ganham vida , personagens imaginados que ganham voz, na voz do ator,na sua entrega constante, no teatro, no cinema ou em qualquer lugar, deveria ser assim,É preciso dar um basta e provar que de outra forma teremos uma arte pasteurizada, e sem o homem da palavra não haverá representação, não existiram mais personagens.E os novos criadores que pisam na profissão cuspindo moscas e maribondos sobre a arte da representação, ainda não sabem nada da importância deste caminhante solitário que chamamos simplesmente de ator. .

É Preciso ser humano e acreditar na verdade das coisas,na sutilize dos diálogos, na beleza da palavra falada, para perceber que enquanto se acha o enquadramento perfeito, lá na frente esta de novo o ator sedento pela verdade , sofrendo solitário a as amarguras dos personagens , no calor do sol, sentado no chão sujo, no palco colorido ou no ar condicionado de um estúdio, no final chamaram por ele, é sempre ele, o caminhante solitário fazendo seu trabalho por porco ou por nada.

Mais um vez o Ator, é ele que Dara vida a esta história, para que um bando de parasitas que surgem na estrada, do meio do nada se façam presentes nos créditos finais, nos agradecimentos e coquetéis, nas capas de revistas ou nas mesas de bar onde gritando em alto e bom tom vão proferir suas verdades e crenças sobre a arte da representação, sobre ser, e saber ser alguém dentro desta coisa que chamamos arte.

E o caminhante solitário continua ganhando seu pão,dia após dia, tirando magia de onde não tem e ficando feliz com a possibilidade de trabalhar, porque o que move este homem não é a maquina é seu coração, e enquanto todos bebem e chafurdam suas caras na lama das inverdades, acreditando-se senhores supremos desta ou daquela teoria sobre ser ou não ser, o caminhando solitário segue belos becos escuros da cidade que amanhece.

E assim dia após dia segue sua jornada , hora aqui, outra ali, as vezes sendo muitos e as vezes sendo nada, aguardando o nascer do sol seguindo a poeira da estrada , buscando nas novas palavras alimento para sua alma , para no fim alimentar os sonhos de muitos que ainda não sabem sua real importância neste balaio de ilusões. E assim para compor sua trajetória no meio de tantas trajetórias vai seguindo neste caminho solitário vivendo e revivendo todo dia, misturando tristezas e fantasia neste cenário real onde o brilho e frustração segue lado a lado com fria e real vida deste caminhante solitário.

Reginaldo Nascimento-
26 de Maio de 2009

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