quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ouvindo Deuses Para dançar no Inferno das Idéias


Obs: Texto Escrito Após a estréia da Peça Infiéis em Janeiro de 2006


“O que seria do Homem, se não lhe fosse permitido Errar”,
somente o Erro nos permite compreender e sentir o prazer de Acertar ““.


Após três semanas em cartaz e embriagados das diversas emoções e, sugestões e criticas que invadiram nossos ouvidos nos últimos dias, me vejo olhando da janela milhares de pessoas se batendo como carrinhos de bate e bate que se atiram nas idéias com sede de dizer o que para cada um foi assistir INFIEIS.

Sei e compreendo perfeitamente que temos que melhorar, apurar, avançar no sentindo de compreender cada vez mais aquilo que fazemos, para fazermos melhor a cada dia, essa é a magia que nos prende ao teatro, esse jogo onde temos que assumir times, vestir a camisa e sem pestanejar, assumir as atitudes tomadas e os planos traçados, dando verdade à criação artística mesmo que não se agrade a todos, teatro é uma tribuna livre já dizia o saudoso Plínio Marcos.

Teatro  é uma tribuna onde idéias e ideais são colocados justapostos para a cada signo cênico que iluminam os caminhos que nossa mente alucinada não pergunta e não responde, apenas segue embecida de um néctar mágico, que transcende o pseudo entendimento dos deuses que nos observam lá de cima ou lá de baixo diferenciando aqui quem “é” ou “entende” de teatro, do Público que busca prazer e se reconhece em cena.

Explosões de dor são rápidas secas, é como um furacão, devasta tudo e todos, com certeza ainda não atingimos o ponto máximo ou ideal das emoções das personagens, ainda temos muito a apurar e por isso nos permitimos ouvir e buscar sempre justificativas e mais e melhores análises, culpas e culpados para aquilo que dizem de algo que, muitas vezes temos a certeza de que de fato existe, está vivo dentro de nós.

O Problema do teatro é o próprio Teatro, que busca sempre um jeito para não aceitar ou não se permitir aberto para o EXPERENCIAR, não teremos outro Oficina, nem outro Arena muito menos um Ziembinski ou outro Adolph Apia, mas poderemos ter idéias boas e discutíveis no sentindo de torna-las um caminho viável e até mesmo aceitável do ponto de vista estético de sua pesquisa. É obvio que não estamos fazendo o que fazemos no banheiro e disso eu tenho certeza, no alto de minha pouca experiência.

Acreditar no que se está fazendo, se questionando e não permitindo questionamentos vazios, se trabalhando e buscando o aprimoramento necessário é o nosso jogo, devemos ir mais dentro do que nos propomos a fazer, e cada vez colocar mais dentro de nosso pensamento e de nosso coração o desejo de executar bem, aquilo que está proposto, trazendo sim a Emoção, a coerência e a profunda compreensão da personagem, mas sem buscar desculpas, sem perder a linha, sem esquecer as palavras e Filtrando bem os Ouvidos, para que este sentimento de dúvida, de insegurança de questionamento e fraqueza não destrua um trabalho, que pode sim permanecer vivo, assumindo sua proposta cênica sendo bem feito, mesmo que não seja sessão predileta para os críticos de plantão.

Nos é permitido ser aquilo que quisermos ser, nos é dado o livre arbítrio e por isso podemos ter opiniões diversas de uma mesma coisa.Tivemos diversos comentários, sugestões e críticas, vindos de amigos ou publicados em tirinhas, de veneno de algum alguém . Gentilezas a parte, precisamos nós, nos criticarmos e investir sobre nossas criações como cães selvagens, para devorar o que ainda falta ser devorado da essência dos personagens.

Só se propõe um jogo cênico ao um determinado grupo de Atores quando se tem confiança e a certeza de que poderá contar com eles para assumir todas as dores e amores deste jogo a ser jogado.Ainda temos muito a melhorar e agora, mais do que nunca, sobre os olhos atentos dos deuses vamos nos consumindo e confundindo aquelas explicações que sempre levam ao óbvio das idéias quando se fala do ser Humano.

Cada Olhar Infiel ou Comentário do Público “Leigo” nos da a certeza que estamos chegando do Outro lado, que sim, estamos atingindo, é este publico que não busca a Técnica, que enxerga a Emoção, então ela está lá, se de Mais ou de Menos, cabe a cada espectador Leigo ou não tirar suas conclusões, o que sei é que se vamos em frente, vamos com certeza do que estamos fazendo, com o Prazer de Fazer. Vamos com muito trabalho para atingirmos o que ainda falta para o Espetáculo Infiéis,. Vamos, no sentindo de atingir a precisão e a dose certa de emoção contida nos quatro personagens da Peça, para assim transcendermos a cena.

Respondendo alguns questionamentos, a personagem tem Trajetória, Tem sentimentos Contínuos, lembrando que por mais quebrada que seja nossa vida, seguimos um rumo que nos mantem vivos e nos da o desejo e a força para lutar, para se vingar, amar e odiar e, esse jogo está na peça. Vamos aguçar os sentidos, resolver as dúvidas, estudar as Cenas, e assumir o Trabalho, não sendo Infiel a sua construção, que tem uma linha muito clara e eu diria mais, tem muito, mais muito Trabalho, principalmente aquele que se dá dentro da Cabeça e do Coração.
Reginaldo Nascimento
27 de Janeiro de 2006

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